A Semana



Psicóloga do Alto Tietê é selecionada para atender soldados da guerra em Israel

A psicóloga e psicanalista Luciana Inocêncio é uma das poucas profissionais de saúde mental de São Paulo e a única do Alto Tietê selecionada pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) para oferecer atendimento psicológico e apoio emocional para israelenses que moram no Brasil e para brasileiros que estejam em Israel. A terapia é voltada, inclusive, para soldados que estão em combate – deflagrado desde o ataque do Hamas -, e seus familiares.

Oferecida de graça, a inciativa tem a coordenação do Sistema Comunitário de Apoio em Emergências e do Departamento de Segurança Comunitária (DSC) da Fisesp e conta com o apoio clínico do Hospital Israelita “Albert Einstein”. De duas a três vezes por semana, as sessões são oferecidas em plataforma on-line e auxiliam todos os que estão sendo afetados pela guerra, que acontece há 24 dias na Faixa de Gaza.

Em razão da ampla experiência no manejo de traumas e de transtornos, Luciana foi convidada para participar do projeto por um grupo de psicólogas e de professoras da Pontifícia Universidade Católica (PUC), onde cursou uma de suas especializações. Ela é a única profissional de saúde mental do Alto Tietê a integrar a equipe terapêutica e uma das poucas do estado de São Paulo.

A profissional já tem feito atendimentos e sinaliza que a maior parte dos pacientes apresenta estresse pós-traumático severo. A maior parte dos acolhimentos é para israelenses que viviam no Brasil e que foram convocados para a guerra, deixando para trás trabalho, amigos e família:

“É muito sofrimento, além da presença de incertezas, de medo e de insegurança. Estes soldados veem pessoas próximas morrerem todos os dias. É muito triste saber que, quem está passando com você hoje em terapia, amanhã, talvez, nem esteja mais viva. A ideia do atendimento é dar apoio emocional e mostrar que eles não estão sozinhos”.

Luciana também tem atendido brasileiros que viviam em Israel e que foram resgatados do conflito e trazidos para o Brasil. A mudança repentina de país e o convívio com o horror da guerra também tem deixado sequelas graves nos repatriados:

“Tem um brasileiro que atendo que não sai na porta do quarto – mesmo estando longe do conflito, em casa, seguro no Brasil. Ocorre que as consequências de uma guerra na mente são devastadoras. Também estamos atendendo familiares de quem está em guerra, incluindo filhos de soldados, crianças”.

Luciana foi incluída em grupos de apoio a israelenses que moram no Brasil e a brasileiros que estão em Israel. Minuto a minuto, a psicóloga recebe atualizações sobre a guerra. A ideia é que as informações auxiliem no suporte terapêutico oferecido aos pacientes.

Minucioso e delicado, o trabalho também desafia a agenda dos psicólogos que nele atuam. Afinal, são cinco horas de diferença no fuso horário.

Luciana lembra que não é preciso pagar nada pelo atendimento. Para receber o suporte, basta preencher o formulário disponível no link https://bit.ly/saudementaldsc

Redação

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