De acordo com a botânica, não existem flores pretas. Embora algumas espécies, como a orquídea negra e a príncipe negro, tenham colorações muito próximas ao preto, não são de fato desta cor. Porém, na música, em especial na Música Popular Brasileira, podemos afirmar com toda permissão poética que sim, elas existem e nasceram cultivadas pelas mãos dos compositores negros que marcaram a história dela.
E foi assim que surgiu o projeto “Flores Pretas”, um show que celebra a riqueza e a diversidade da cultura musical do país, explorando diferentes períodos históricos e destacando nomes icônicos, como Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Gilberto Gil, Dona Ivone Lara, Candeia, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão, Djavan, entre outros. O repertório também inclui composições da talentosa cantora e compositora Valéria Custódio e arranjos criados pelo músico Paulo Henrique PH.
“Eu tinha produzido um show do Quatriblack e também tinha feito um arranjo de ‘Andança’ para a Valéria com a Orquestra Sinfônica. Quando fiz esse show, tive a ideia de juntar a Quatriblack e a Valéria. Já conhecia a música Flores Pretas da Valéria, liguei pra ela e falei de um projeto que tinha chamado ‘Flores Pretas”, conta PH.
Com arranjos especialmente criados para o projeto, o repertório é composto por canções como Flores Pretas (Valéria Custódio e Thiago Fernando); Andar com fé (Gilberto Gil); Azul (Djavan); Carinhoso (Pixinguinha); Luz negra (Nelson Cavaquinho); Pintura sem arte (Candeia); Nasci pra sonhar e cantar (Dona Ivone Lara); Cordeiro de Nanã (Os Tincoãs); Zé do Caroço (Leci Brandão) e Sorriso Aberto (Jovelina Pérola Negra).
“A experiência proporcionada pelo ‘Flores Pretas’ não é apenas uma viagem pela rica herança musical brasileira, mas também uma celebração emocionante e envolvente que conecta gerações e emoções, proporcionando ao público uma experiência musical que ressoa profundamente”, afirma Valéria Custódio
O projeto destaca, de forma especial, a importância e a presença das mulheres negras na música. Valéria Custódio, uma figura proeminente na cena musical negra, será a voz principal, estabelecendo uma conexão vital entre o passado e o presente musical. Complementando o elenco, o quarteto de cordas “Quatriblack”, formado exclusivamente por mulheres negras — Emy Marques (1º violino), Cássia Schneider (2º violino), Ruth Schneider (viola) e Reblack (violoncelo) — representa um exemplo inspirador da contribuição das mulheres negras para a música erudita e popular.
“O convite para participar do projeto Flores Pretas foi feito logo após uma apresentação no Sesc Mogi. O produtor Uillian Campos apresentou nosso trabalho para Valéria e ela de cara achou bacana essa interação. Com auxílio do produtor musical Paulo Henrique tivemos contato direto com o repertório e logo gostamos do projeto que ela vem desenvolvendo”, celebra Ruth Schneider.
Projeto mostra MPB com olhar feminino