Sempre gostei de ouvir música clássica desde pequeno, lembro-me de na infância de brigar com meus irmãos que queriam ver desenho e eu queria ver os concertos na TV Cultura. Cheguei a participar de um programa na própria TV Cultura. Fiz parte de um coro no programa “Ligue para um Clássico” no início da década de 80. A paixão aumentou quando ouvi pela primeira vez o Concerto nº 2 para piano e orquestra, opus 21 de F. Chopin. Foi incrível!
Ouvindo dias atrás esse mesmo concerto em vinil e folheando o livro Memória Fotográfica de Mogi lembrei da fábrica de pianos Schwartzmann em Brás Cubas próximo do bairro onde moro até hoje.
Não deu outra, lá estava eu minutos depois, pesquisando sobre essa fábrica que chegou em Mogi, vindo de São Paulo, no final da década de 40.
Maurício Schwartzamnn criou a fábrica em 1927 na Vila Mariana como uma pequena manufatura, montando peças dos pianos importadas da Renner alemã. Com a Segunda Guerra a importação tornou-se inviável e Maurício teve que pensar em novos caminhos como, por exemplo, a fabricação de pianos.
Assim ele montou uma pequena fábrica onde começou a fabricar não apenas o piano Schwartzamnn como também as marcas Schalitz, Schumann, Schalter e Schanley.
Fabricando cerca de 40 pianos por mês, Maurício já pensava em novos vôos como a exportação e uma fábrica maior.
E foi assim que ele montou sua fábrica em Mogi das Cruzes em 1949 numa área de 47.000m² em Brás Cubas. Aqui, a fábrica fornecia três tipos de pianos de cauda: o Bethoveen, grande, o Mozart, tamanho médio de linhas retas e o Fran Strauss, tamanho médio de linhas arredondadas. As caixas eram confeccionadas em madeira de lei como a cabiúna, imbuia, jacarandá e compensado de cedro.
A unidade de Mogi chegou a produzir 100 pianos mensais e empregou cerca de 600 empregados.
Na década de 50 a fábrica viveu seu auge com anúncios nas principais revistas do país além do apoio dos principais pianistas brasileiros como Guiomar Novais, Madalena Tagliaferro e João Carlos Martins.
Nos idos de 1962 começou a fabricar os acordeões Schwartzamnn e com o golpe militar de 64 o cenário muda. Inflação alta e a venda de pianos caindo sucessivamente vem o corte de funcionários em 66. Dois incêndios fazem a fábrica entrar em concordata. Com apenas 150 empregados e uma greve a unidade mogiana fechou.
Fontes:
- Mogi também é Música – Roberto Bordin – 2019