De uma maneira geral, o câncer infantil sempre apresenta sintomas em fases iniciais. A grande questão é nem sempre os pais ou responsáveis associam à possibilidade de um câncer. Como esses sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, não é incomum deixarem passar despercebidos sinais que resultariam em um diagnóstico precoce. Por isso, o Ministério da Saúde fixou no calendário da saúde o dia 23 de Novembro como Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil – para que a sociedade olhe com mais atenção para a saúde dos pequenos.
Febre recorrente, dores ósseas, cansaço, manchas roxas, falta de apetite e irregularidades intestinais (constipação ou diarréia), palidez, manchas brancas na retina dos olhos devem ser investigadas sempre. “A maioria entra como sinais corriqueiros na pediatria, porém quando persistentes precisam ser avaliados mais profundamente. Hoje, temos uma média de 12 mil casos de câncer infantil Brasil anualmente, com 80% de chance de cura quando a doença é diagnostica em estágio inicial”, explica o hematologista e oncologista pediátrico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes, Roberto Plaza.
De acordo com o especialista, entre os principais tumores que acometem crianças estão a leucemia, tumores do Sistema Nervoso Central, neuroblastoma, nefroblastoma, retinoblastoma, linfoma e os sarcomas de partes moles. E outra diferença entre os tipos de cânceres em adultos é que o infantil, geralmente, afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação.
Os sintomas variam para cada tipo de tumor, mas há alguns pontos principais a serem observados. “Hematomas e equimoses de aparecimento rápido associados à palidez cutânea e febre por mais de uma semana podem sugerir leucemia aguda, que é o câncer da medula óssea”, comenta Dr. Roberto Plaza.
Ele também explica que se a criança apresentar cefaleia (dor de cabeça) por mais de uma semana, mesmo após ingerir analgésicos, e a dor estiver associada a vômitos e a alteração do comportamento ou mesmo alteração da marcha, pode indicar tumores do sistema nervosos central.
“Já o aumento progressivo dos gânglios linfáticos, as chamadas ínguas, que não estão associados a processos infecciosos e possuem características de serem indolores, endurecidos e aderidos e que perduram por mais de duas semanas, nos levam a pensar em linfomas”, esclarece Plaza.
Outros sintomas e alertas que precisam ser acompanhados de perto são o aumento do volume abdominal e o crescimento de uma massa (tumor) na barriga da criança. “Esses sinais podem indicar a presença de tumores abdominais malignos (neuroblastoma e nefroblastoma)”, alerta o especialista.
Já o aparecimento de mancha esbranquiçada na pupila, quando exposta à luz e conhecida como Reflexo do Olho do Gato (leucocoria), é considerado um sinal suspeito de retinoblastoma, que é o câncer ocular (retina). Geralmente, os pais podem fazer um teste rápido, tirando uma foto de seus filhos quando ainda pequenos.
“É sempre importante lembrar de que não existe prevenção para o câncer na infância e o principal fator para determinar um bom prognóstico é, justamente, o diagnóstico precoce e pronto encaminhamento para hospitais e clínicas especializadas. Quando isso acontece, as chances de cura podem ultrapassar os 80%”, enfatiza o especialista Roberto Plaza.