O nome desta matéria é o mesmo que saiu na edição da Revista Ato de maio/junho de
1984, quando uma reportagem de Vanice Assaz e Fernando Leal contavam a história de
uma caravana que saiu daqui de Mogi para Brasília a fim de colaborarem contra a
emenda Dante de Oliveira que propunha eleições diretas para presidente da república.
Abril de 1984 marcou época. Foi o mês das maiores manifestações jamais vistas no país. Em todas as capitais do Brasil, multidões se reuniam para pedir eleições diretas.
A emenda do mato-grossense Dante de Oliveira ia ser votada no Congresso e 90% da população brasileira eram a favor das Diretas. Mas em Mogi…
Às 23h, do dia 23 de abril de 1984, dois ônibus da empresa Eroles saem do Largo da Matriz com destino à Brasília. A bordo dos ônibus, 58 pessoas, todos funcionários da Prefeitura e alguns parentes. Com eles, dois funcionários do alto escalão: o radialista esportivo Carlos Arnone, diretor do Departamento de Esportes da Prefeitura e o tenente José Nóbrega, diretor do Departamento de Trânsito.
Segundo conta a reportagem, os funcionários foram convidados a integrar a comitiva pró-indiretas por duas funcionárias do gabinete do secretário de Administração, Anselmo Bonini, Alair Mourão e Margarete Harada. Seria “uma caravana pelas indiretas, mas ninguém ia ter de tomar atitudes, somente fazer número”, disseram.
Durante toda a madrugada do dia 24 os ônibus foram barrados várias vezes pela Polícia Federal, mas os motoristas e funcionários mostravam senhas e eles eram liberados.
Quando chegaram ao Hotel Aristos, os homens foram convocados para uma reunião onde ficaram sabendo que, no dia 25, iriam para o Congresso, vestindo camisetas com a inscrição Diretas 88, escondidas por camisa que vestiriam por cima delas. Lá no Congresso, quando fosse dado o sinal, todos tirariam as camisas, ficando apenas de camisetas, e começariam a provocar com empurrões e palavrões os direitistas.
À noite, em nova reunião, dessa vez no quarto onde dormiam Margarete Harada e Alair Mourão, Carlos Arnone, os presentes ficaram sabendo a coisa complicara, pois, em Mogi, a imprensa descobrira a caravana. Assim, para disfarçar, todos teriam que ir a Feira do Comércio.
No dia 26, os ônibus retornaram para Mogi.
No dia da votação, ouvido pela rádio Diário de Mogi, o prefeito Machado declarou desconhecer a caravana. Mais tarde, afirmou que os mogianos teriam ido a Feicom.
Fontes:
– Revista Ato nº 18 maio/junho 1984
– Jornal O Estado de São Paulo]
Foto:
– Capa da edição nº 18 de maio/junho 1984