Segundo uma estimativa do Ministério das Relações Exteriores, há cerca de 4,215 milhões de brasileiros que vivem no exterior. Os principais destinos são os Estados Unidos, com 1,7 milhão, Portugal (276 mil) Paraguai (240 mil), Japão (211 138) e outros países da Europa, como Espanha, Reino Unido e Alemanha.
A decisão de emigrar não é fácil: a busca por uma vida melhor obriga a deixar para trás família, amigos e toda uma cultura que não se encontra em outro lugar.
E, neste período de festas de fim de ano, o sentimento de recomeço em outro país se mescla com a saudade e a resiliência de aprender que lar é onde o nosso coração está.
A professora e influenciadora digital de educação Lorena Carvalho de Araújo se mudou com o esposo, Douglas, e o filho do casal, Luke, de três anos, para Portugal. Morando há seis meses em Peniche, no distrito de Leiria, os três embarcaram na aventura de viver em uma nova cultura, que proporcionasse à família mais segurança e oportunidades. “Pensamos em vários países e Portugal foi nossa porta de entrada, pela facilidade do idioma, por já ter amigos morando aqui e pelo fato do meu avô ser português”, conta a professora.
Apaixonada pelo Natal desde nova, com uma família cheia de gente, Lorena sempre se acostumou a passar as festas com casa cheia, rodeada por tios, primos e outros parentes. Na pandemia do coronavírus, ela precisou se readaptar e começou a festejar apenas com o marido e o filho, mesmo com visitas rápidas aos pais. A chegada do primeiro Natal longe desse cenário já traz saudade, mas, sempre otimista, logo arrumou um jeito de contornar a distância. “Este ano vamos sentir falta dos nossos pais, de abraçar, comer juntos, mas para matar a saudade já estamos pensando em fazer uma ceia via WhatsApp”, adianta.
Cenário de filme
E como boa fã de Natal, ela finalmente poderá ter um pouco do que é passar esta época no inverno. É que em Portugal, mais propriamente na região litorânea de Peniche onde a família mora, tem previsão de mínima de 14 graus para o dia de Natal. “As pessoas realmente vivem o Natal com todas aquelas tradições de filmes que a gente via quando criança. Tomam um chocolate quente em uma cafeteria com música de natal, tudo enfeitado. As cidades fazem vilas e enfeitam tudo com cantata de natal, teatro e atividades para toda família”, conta. Ela entrou tão no clima que até comprou blusas com temática natalina para passar a ceia.
E como será a noite de Natal? Lorena conta que, ao contrário dos brasileiros, os portugueses não têm o costume de se reunir com amigos na noite de 24 de dezembro. Mas ela pretende passar a ceia com amigos paulistanos que conheceu em Portugal. “Quando encontramos alguém do nosso país acabamos nos aproximando, rola uma afinidade. Conhecemos coincidentemente pessoas de Mogi, tínhamos amigos em comum mas não nos conhecíamos. Em seis meses aqui, nos aproximamos e decidimos nos juntar para passar a ceia”.
Natal com neve
Morando há quatro meses em Ontario, no Canadá, a gestora empresarial Bruna Gomes terá, pela primeira vez, um Natal com neve, com temperaturas abaixo de zero. Ela se mudou com o marido, Erik, e o filho Yago para poder aprimorar seus conhecimentos e estudar. “Há alguns anos busco diversas formas de me atualizar sobre mercado financeiro e empresarial”, conta.
E ela destaca que a saudade é um dos grandes desafios. “O coração fica apertado quando paro e penso no Natal e Ano Novo, minha família sempre esteve reunida nessas datas. Adoramos as festividades de final de ano. A saudade já é imensa, especialmente dos meus pais”. Mesmo com a distância, Bruna foi agraciada com a visita dos sobrinhos, que passarão o Natal com ela.
E por falar em celebração, no Canadá, as festividades são levadas a sério. As casas são enfeitadas e as crianças escrevem suas cartas para o Papai Noel. “Tem também a tradição dos elfos. Dizem que ao adotar um elfo e dar um nome assim que você ganhar de presente de uma pessoa querida, ele te trará a magia do Natal”, conta.
Assim como Lorena, Bruna e a família decidiram comprar suéters especiais para o Natal e vão aproveitar a noite do dia 24 para fazer videochamada com a família. “Faremos a ceia à meia-noite assim como de costume no Brasil, mas abriremos os presentes somente no dia 25 de manhã como é hábito aqui”, diz.