A Semana



O mito de D. Yayá – Parte 2

Dona de um temperamento fechado e de uma personalidade forte, voluntariosa e exigente, Yayá centralizava a vida dos que a rodeavam. Os que a conheceram de perto apresentam Yayá como uma pessoa de hábitos simples e vida social restrita a um pequeno grupo de amigos.

No final de 1918 teve sua primeira manifestação de desequilíbrio emocional. Achando que ia morrer redigiu um testamento (sem a presença de um tabelião) evidentemente sem validade. Depois começou a distribuir jóias entre as mulheres da casa.

Em janeiro de 1919 veio nova crise, ela desconfiava de todos, recusava alimentos, gritava que a queriam matar e que tentavam desonrá-la. Tentou o suicídio e foi internada no Instituto Homem de Mello.

A notícia de seu desequilíbrio mental foi levada até o Curador Geral de Órfãos que resultou na nomeação de dois médicos para que procedessem um exame em Yayá.

Quando foi internada, Yayá tinha 52 anos. A partir daí, sua vida, já bastante marcada por trágicos acontecimentos não foi mais conduzida por sua vontade.

Durante os 42 anos seguintes foi perdendo a lucidez. Esquecida por quase todos os amigos, afastada de tudo que constituía seu referencial afetivo, tornou-se mais agressiva e indefesa.

Poucos fatos e detalhes são verificados nos autos de interdição de Yayá, mas fica claro, porém, a disputa e um certo mal estar entre os primos de Mogi e as pessoas que moravam com Yayá.

Assim que foi declarado sua interdição, os primos começaram a exigir, o que consideravam seus direito, mas medidas legais relativas a herança jacente obstacularizaram a possibilidade de os parentes, na maioria primos afastados, tornarem-se herdeiros de Yayá.

Em 04 de setembro de 1961, Yayá, aos 74 anos, faleceu de insuficiência cardíaca, no Hospital São Camilo, após ter sido submetida a uma intervenção cirúrgica. Tinha também um câncer uterino. Foi sepultada do Cemitério da Consolação.

Sem herdeiros, a fortuna de Dona Yayá foi considerada vacante, passando à propriedade da Universidade de São Paulo.

O patrimônio deixado compreendia o casarão do Bixiga, hoje chamado Casa de Dona Yayá, sede do Centro de Preservação Cultural da universidade, 27 casas na rua do Hipódromo, 8 na rua Piratininga, 6 na Visconde do Parnaíba, um edifício na rua que leva o nome de sua família, Melo Freire, outro na Rua Augusta, parte do edifício Veneza, alguns imóveis no centro de Mogi das Cruzes, e uma chácara de 36 alqueires que deu lugar ao Centro Cívico da cidade, Prefeitura, Câmara, INSS, Tiro de Guerra, universidades, shopping center, a própria Estação Estudantes, terrenos, ruas, praças, comércios, residenciais, entre outros bens em cidades próximas.

O patrimônio foi definitivamente incorporado à USP em 14 de janeiro de 1968.

Fontes:

  • Wikipédia – A Enciclopédia Livre
  • A Casa de Dona Yayá – Comissão de Patrimônio Cultural da USP – 1999
  • Diário dos 450 – Encarte Especial Comemorativo – 2010
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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