A Semana



O Feijão & Cia.

Mogi das Cruzes da década de 80 foi palco de muitos acontecimentos e inaugurações: a inauguração da Mogi-Bertioga, a década dos barzinhos, dos festivais de teatro, das festas, do rock de Brasília, e também a década em que nasceu um tradicional ponto de encontro e de sabor da culinária mogiana.

Em 10 de novembro de 1986, as irmãs Esperança e Marina Lafuente Iague Guimarães junto com a amiga Adalgisa Villar inauguraram o Feijão & Cia.

E nada melhor que a própria Esperança, a querida “Espe” contar como começou essa aventura…
“Tudo começou em 1986 com uma sugestão da minha mãe para montarmos um restaurante no antigo imóvel onde funcionava a padaria União, mais conhecida como padaria do Barradas. Morávamos em frente. Em pouco tempo resolvemos que eu e a Marina iríamos tentar. A amiga Adalgisa Villar, juntou-se a nós e nos acompanhou até o ano de 1987.

Não paramos mais, desmontamos a padaria e iniciamos a reforma. Nós mesmas, meu pai, um ajudante e quem mais quisesse colocar a mão na massa. Reformamos um fogão industrial usado, uma geladeira, pintamos mesas e cadeiras que compramos de um restaurante que fechou em São Paulo.
Os amigos nos ajudavam na escolha do nome e em uma de nossas reuniões, o Hélvio Alcoba fez a sugestão e dias depois, colocamos a placa na fachada. “Em breve, Feijão e Cia. Comida caseira”. Corríamos contra o tempo entre pregos, martelos, andaimes, entulhos e finalmente as tintas.

Contratamos os profissionais e marcamos para 10 de novembro de 1986, a abertura do restaurante. Fomos prestigiadas por muuuita gente.

O movimento foi tão grande que fez com que meu pai ficasse na pia dos pratos, a Marina na cozinha e os amigos que foram almoçar, ajudaram a servir. Meu primo Paulo nos ajudava no caixa. Abríamos para almoço e jantar e trabalhávamos de segunda a sábado. No início éramos uma equipe pequena e chegamos a trabalhar muitos anos sem descanso, nós cobríamos as férias dos funcionários. Nossos pais sempre foram presentes.

Iniciamos com pratos à la carte, mudamos para o self-service a quilo e introduzimos o churrasco. Foram três grandes reformas ao longo dos 37 anos para conseguimos chegar num formato onde podemos oferecer conforto e muita variedade para o almoço. Com o passar dos anos fomos transformando o espaço dos salões em museu. São centenas de peças doadas que contam a história dos nossos clientes. Muitas com valor afetivo, com memórias de infância, memórias da família e memórias de uma época.
São quase quatro décadas oferecendo sugestões de cardápio diferenciadas, com produtos de qualidade e feitos com muito carinho. Culinária e museu. O sabor das boas lembranças…”

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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