A Semana



O Comércio antigo de Mogi das Cruzes – I

No final de 1910, Mogi tinha 16.000 habitantes. Pertenciam a Mogi, as atuais cidades de Itaquaquecetuba, Arujá, Suzano, Poá, Biritiba Mirim e o distrito de Luis Carlos, hoje pertencente a Guararema. A lista do imposto de Indústrias e Profissões lançado pela Coletoria Estadual mostravam que os estabelecimentos do setor eram 227, sendo 149 só em Mogi.

As ruas centrais como a Cel. Souza Franco, José Bonifácio, Paulo Frontin e Deodato Wertheimer, indicavam a preferência dos comerciantes que investiam nos terrenos de 10 a 50 mil réis o metro de frente.

Nessas ruas estavam instalados Sebastião Dominguez com um oficina de consertos de relógios, o médico Dr. Deodato Wertheimer com seu consultório, Francisco Ferreira Lopes com um escritório e depósito de material de construção, Caetano Grieco com um salão de barbeiro, etc…

Naquela época nos armazéns, empórios, leiterias, padarias, etc…boa parte da população comprava com “caderneta” no qual pagava sempre nos primeiros dias do mês seguinte.

Por volta de 1911 Mogi tinha três carros, mas não existia bomba de gasolina. O motoristas compravam gasolina nos armazéns em latas de 20 litros. O primeiro vendedor de gasolina em Mogi foi o Major Antonio Alves de Oliveira que mais tarde e por muitos anos teve a bomba de gasolina na Av. Vol. Fernando Pinheiro Franco.

Mas a grande sensação do comércio daquela época era, sem dúvida, o nosso Mercadão. Criado em 1858 funcionou durante muito tempo no Largo da Matriz. Em 1892 mudou-se para o endereço atual. Em 1912 o prefeito Manoel Alves dos Anjos ampliou a construção do mercado e triplicou sua área coberta transformando-o num dos maiores e melhor sortidos de todo o interior do estado.

Outro comércio que certamente deixou muita saudade foi Leiteria Glória na Rua Dr. Deodato Wertheimer esquina com a Cel. Souza Franco. Possuia um grande balcão onde se servia bebidas, cafezinhos, sorvetes, sucos, sanduíches, etc…O resto do salão era ocupado por mesinhas com tampo de mármore e uma vitrine de doces, especialmente o arroz doce, especialidade da casa e nos fundos um grande salão de bilhar.

Fontes

Livros:

  • Histórias do Comércio Mogiano – Robson Regato e Vanice Assaz – 1988
  • Mogi das Cruzes do Meu Tempo – Isaac Grinberg– 1993
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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