“O Bar do Lanche, tradicional ponto de encontro localizado na Rua Dr. Deodato Wertheimer, era parada obrigatória de final de expediente para os mogianos da segunda metade do século passado. Era ali que empresários, profissionais liberais e aposentados se encontravam para comentar os assuntos do dia, junto com o aperitivo que abria o apetite para o jantar. Julio Cardoso era um dos que costumavam passar por lá para um dedo de prosa com o velho amigo e médico Nelson Cruz.
Certa noite, relembra Toninho Andere, o médico foi convidado por Cardoso para um jantar num restaurante japonês que existia na Cidade. Como Nelson não era adepto da culinária oriental, foi pedido ao dono do estabelecimento que preparasse um bom bife para o visitante ilustre. O proprietário, que também atuava como cozinheiro, procurou caprichar no pedido. Junto com o maior pedaço de carne disponível naquela noite, ele serviu dois ovos fritos, enfeitando também o prato com alguns ingredientes típicos de uma salada. Uma porção de arroz acompanhou o pedido. O médico comeu que se regalou.
O dono do restaurante foi até ele: “Gostou?”. E Nelson: “Adorei!”. Incrédulo, o comerciante ainda emendou: “Mas é esquisito, não é?”. O médico concordou, mas prometeu voltar outras noites para repetir a pedida. E assim aconteceu. Mas como aquela estranha composição não tinha nome, a clientela passou a se referir a ela como “o bife esquisito”, que acabou, mais tarde, ganhando algumas modificações, dando nome a um restaurante da Cidade e se tornando um prato característico e exclusivo de Mogi das Cruzes, como recorda Andere, testemunha de muitas histórias mogianas.”