A Semana



Mogy 1876

Em 1876 foi lançado em São Paulo, por José Maria Lisboa o Almanach Litterario de São Paulo, na época esses almanaques eram lidos por muita gente. Traziam informações econômicas, sociais, história, poesia, ciências e muito mais. Eram cheios de  informações que toda família podia ler. Muitas cidades tinham seus almanaques.

Mas nesse de 1876 em questão temos um colaborador especialíssimo. Manoel de Almeida Mello Freire, deputado, um dos homens mais ricos e influentes do Brasil. Morava em Mogi num solar enorme onde hoje temos o Instituto Placidina. Ele também era pai de nada menos que Dona Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá.

Mas vamos aos fatos, segundo Manuel de Almeida Mello Freire, em seu texto “Mogy das Cruzes” nas páginas 95 a 99 do “Almanach”, Mogi apresentava um lindo aspecto, distante 3 quilômetros do Rio Tietê, estando situada numa verde planície, cercada de uma parte pelas colinas do Itapeti, e da outra pelas ramificações da Serra do Mar. Assim começava o texto do Mello Freire.

Ele fala dos afluentes do Rio Tietê que são o rio Claro, Parahytinga, Jundiay, Taiassupera e os ribeirões Ypiranga e Lavapés. Que o rio Parayba banha a Freguesia da Escada e divide em diversos ponto o município de Mogy das Cruzes, Jacarey e Santa Branca.

Ele conta que Mogi apesar dos seus 264 anos ainda não desenvolveu e teve prosperidade correspondente e que o solo mogiano não prima pela fertilidade.

Diz que somente uma área compreendendo mais ou menos o terço da circunscrição territorial da comarca  produz café, algodão e cana de açúcar. Os outros terrenos produzem apenas gêneros de primeira necessidade, inclusive o trigo.

Que foi aqui que o Tenente Joaquim Xavier Pinheiro fez os primeiros ensaios para extrair o vinho da uva americana, mudando-se posteriormente para São Paulo onde exerceu essa indústria em larga escala.

Que no dia 6 de dezembro iria inaugurar a linha férrea provisória entre a capital de São Paulo e Mogi e que teve muita festa na cidade. E que até o jornal A Província de São Paulo, (hoje O Estado de São Paulo) noticiou o ocorrido com muita pompa.

E para terminar ele conta no seu belo texto sobre nossa cidade que ela, pelo último recenseamento,  continha  cerca de mil fogos (casas) e população com 2.500 almas sendo que o total do município seria de  12.000.

Fonte

– Almanach Litterario de São Paulo  para o anno de 1876 – José Maria Lisboa 1876.

Foto

– Capa do Almanach Litterario de São Paulo

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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