A Semana



Mineração Geral do Brasil–Cosim

Em 24 de julho de 1942 lavrou-se no cartório Mello Freire a escritura de aquisição de uma área de 1.753.998m² junto aos trilhos da Central do Brasil para a montagem de uma importante indústria siderúrgica. Os vendedores foram os Srs. Cel. João Muniz Barreto e Armênio de Almeida e Souza e a compradora dessa área a Mineração Geral do Brasil ao preço de 241:256$000.

Começa aí a nascer o sonho da Cosim…

No dia 12 de dezembro de 1943, chega a Mogi, o consul dos Estados Unidos, Sr. Cecil Cross com uma caravana de mais de cem pessoas. Visitam as obras da Mineração Geral do Brasil, jogam beisebol no campo do União e mais tarde participam de um grande churrasco na Chácara Castelões.

Em 24 de agosto de 1944, o Vigário da Paróquia, Padre Lino dos Santos Brito abençoa o alto forno da Mineração Geral do Brasil e em seguida movimentam-se as primeiras caçambas conduzindo ao grande forno as primeiras toneladas do minério que transformará em ferro e aço.

Em 1945, seguindo o exemplo da capital, os operários da MGB, promovem sua primeira greve, onde em completa ordem, percorrem as ruas da cidade.

A partir de 1947 até 1967 foram 20 anos de predomínio da Mineração Geral do Brasil na economia de Mogi e região. O empreendimento levado avante pela família Jafet e liderado por Ricardo Jafetna euforia do pós-guerra chegou como uma espécie de redenção. Mogi tinha nessa época 62 mil habitantes e a economia era predominantemente agrícola. Com a indústria, Mogi viveu momentos de alto desenvolvimento durante esses vintes anos.

Com investimentos em grande parte financiados por bancos estatais a empresa alterou a rotina da cidade com a criação de empregos especializados, chegando a ter 3 mil funcionários diretos, responsáveis pela sobrevivência de 12 mil pessoas (4 por família) em uma comunidade de 62 mil pessoas, ou seja 20% da população.

A MGB muda a cidade contratando centenas de trabalhadores de Ouro Preto, Sabará, Congonhas e outras terras mineiras construindo um bairro inteiro para abrigar esses operários. Mais de 300 casas geminadas foram levantadas em ruas numeradas; Rua 1, Rua 2, Rua 3 e daí por diante.

Nascia ali a Vila Industrial, bairro nostálgico, com seus grandes mestres do samba, Luisinho, Xavier e tantos outros.

Mas em 1964 os militares assumem o governo e provoca a derrocada da siderúrgica, vendida alguns mais tarde como sucata. A partir a coisa muda de figura.

A Mineração Geral do Brasil em Mogi das Cruzes ia bem, muitos mogianos resolviam suas vidas com o trabalho na siderúrgica, a cidade prosperava. A empresa estava tão bem que conseguiu sobreviver à crise econômica do pós-guerra em 1950. Tudo começou a mudar de rumo com a tomada dos militares no poder. O Ricardo Jafet, irmão do Roberto Jafet que era o presidente da empresa, era amigo pessoal de Getúlio Vargas e foi até presidente do Banco do Brasil. Ricardo fez empréstimos para comprar usinas menores, mas que devido a interferências políticas não foram pagos. Quando tomaram o poder forçaram a família Jafet e pagar os empréstimos tomados a prazos de perder de vista.

Nos anos seguintes como parte da economia mogiana dependia da empresa, a coisa ficou feia. Com os interventores prometendo investir na modernização da empresa e não cumprindo, acabaram minando o que restava da MGB.

Entre 64 e 66, milhares de funcionários chegavam a ficar meses sem receber os salários, e a empresa não podia ser fechada, exatamente porque não conseguia saldar as dívidas trabalhistas. Em 67, o governo entrega a MGB para a CSN, Companhia Siderúrgica Nacional. Logo depois, no governo de Castelo Branco é fundada a Companhia Siderúrgica de Mogi das Cruzes (Cosim), 15 anos foi o tempo de vida da Cosim, até ser liquidada de vez.

Alguns engenheiros ligados à CSN tentaram recuperar siderúrgica, mas sem recursos para modernizá-la, ela entrou em processo de privatização.

Assim a fábrica de tubos foi arrematada e se transformou na Excell Mogi Tubos.

A Excell Mogi Tubos durou pouco tempo, em crise, atrasou salários e acabou fechando.

Em 30 de agosto de 1998 veio abaixo o que restava do sonho dos Jafet com a implosão de suas torres.

Fontes:

  • Diário de Mogi – Chico Ornelas
  • História de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1961
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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