Cientista social revela a importância do trabalho em escutar os munícipes
Quando o candidato vence uma eleição, os eleitores querem ser ouvidos pelo Poder Público, principalmente os poderes Executivo e Legislativo. Criar um processo para que a população tenha abertura para chegar e mostrar as reais necessidades do seu bairro é fundamental para que um governo realmente atinja as expectativas dos munícipes.
Diante disso, Fábio Bezerril, cientista social e consultor especialista em escuta da população e o seu engajamento, passando por diversas instituições e campanhas políticas, explica que não existe política pública com sucesso, se o poder público não escutar os anseios da população: “É impossível construir política pública sem a escuta. Você só consegue fazer a política que realmente atenda alguém se você souber escutar as reais necessidades do bairro”.
Bezerril, que é nascido em Suzano, ainda fala sobre o olhar para as periferias, enfocando na movimentação das áreas de um governo a partir da mudança de cultura, pois a cada troca de chefes do Executivo, os anseios da população são aflorados. “Trabalhei em Guarulhos, na Secretaria da Educação, com o objetivo de engajar e dialogar com os professores, diretores e toda a rede educacional, que se mostravam preocupados com a mudança de governo na cidade. Meu papel foi de escutar para, a partir daí, criar projetos para melhorar, desde o ensino até o acolhimento desses profissionais, com a devida devolutiva e aprovação deles próprios, ou seja, uma construção de políticas públicas em conjunto”, revela Fábio.
A importância desse retorno para a população é para demonstrar que a mudança é algo positivo e que ela pode e deve participar ativamente na construção de projetos na área pública, até porque, o povo que entende as mazelas e necessidades do seu bairro. “A minha função era a conversa, a escuta e o engajamento, fornecendo sempre uma resposta”, comenta.
Em Mogi das Cruzes, Bezerril desenvolveu projetos importantes para a gestão do prefeito Caio Cunha, em que foi chamado pelo político em 2021, por ter bagagem suficiente para elaborar projetos e trabalhar diretamente com a população e as secretarias da prefeitura. “Iniciei na política em 2010, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a FESPSP, em que trabalhei no Departamento de Consultoria para captar projetos. Com isso, viajei para vários lugares, como Brasília, Espanha e Colômbia, e aprendi que política não é só captação, mas também relacionamentos”, comenta o consultor. Isso fez com que conseguisse levar projetos dos governos estadual e federal para a Fundação, e dela para o âmbito público.
A experiência de Fábio Bezerril dentro da FESPSP auxiliou com que participasse de campanhas e projetos para prefeitos, mapeando estrategicamente cada um. “Como exemplo, elegemos o nosso candidato em Guarulhos, após a sua ida para o segundo turno, com baixo custo e ouvindo a população”, conta.
Após promover projetos em várias instituições, em 2017 auxiliou o então candidato a deputado estadual, Caio Cunha, para que realizasse uma campanha de baixo custo, mas com visibilidade na região, mesmo que não chegasse à Assembleia. “Fizemos e conseguimos. O Caio não se elegeu, mas foi o candidato mais votado. Como tenho experiência em campanhas, tanto em Guarulhos quanto em São Paulo, o Caio me procurou, conversamos e prestei consultoria a ele”, lembra Bezerril. Após, começaram a desenhar a estratégia para a campanha de 2020.
Quando Caio venceu para prefeito de Mogi das Cruzes, em 2021, Bezerril foi convidado a trabalhar no município a fim de executar a mobilização entre a população e as secretarias. “Fiz parte da Secretaria de Planejamento e Gestão Estratégica e, depois, fui para o gabinete, mas sempre com o propósito de escutar a população e trazer as queixas para as secretarias”, revela.
De acordo com o consultor, o seu objetivo era de aproximar a população da prefeitura, sendo o termômetro das necessidades dos munícipes: “Eu me conectei com toda a cidade. Acabei conhecendo Mogi das Cruzes de todas as formas, com todas as realidades que se diferem de bairro para bairro, e com isso acabei descobrindo as necessidades desses locais, em que as políticas públicas se faziam importantes”.
O relacionamento institucional elaborado pelo consultor fez com que a população entendesse que existe a possibilidade de ser parte dos projetos do governo e, desse modo, se sentir importante para que a mudança seja realizada: “Essa conexão das lideranças com a população não é feita pelo poder público em nenhum lugar. Vim para Mogi para implementar isso. Temos pedidos de cidadãos que foram atendidos, como um buraco que existia no Piatã, que estava aberto há 14 anos e nenhum governante se preocupava. Levei a demanda para as secretarias responsáveis, e a obra foi feita. Do mesmo jeito que escutei sobre a quadra do Jardim Margarida e do vestiário do campo em Jundiapeba, em que os atletas tinham que se trocar na rua, com cabaninha”, explica.
Em Mogi, a função de escuta e engamento, junto com a devolutiva, é um trabalho realizado por alguns atores, dentre eles o Bezerril, sendo o elo entre a população e todas as secretarias da Prefeitura Municipal e o gabinete do prefeito. “O processo social de escuta entre o poder público e a população é fundamental para qualquer sucesso na política. Eu entendo as demandas, entrego-as para as secretarias responsáveis e elas executam. Essa interlocução entre os secretários também é muito importante para que sejam feitas melhorias e grandes realizações almejadas pela população”, finaliza Fábio.
Fábio Bezerril é consultor e trabalha com o modelo de escuta de problemas, engajamento e devolutiva para a população mogiana