Os últimos anos foram desafiadores para o mercado da música. A crise que se instalou em vários setores não deixou de fora profissionais que trabalham com instrumentos musicais, artistas, bandas, etc.
Enquanto alguns músicos realmente desistiram (mesmo que por um tempo) das suas carreiras, outros insistiram em continuar. Mas, a questão é: de que forma manter viva a profissão, gerar dinheiro e pagar as contas? Foi então que os Luthiers, denominação para pessoas que trabalham no conserto de instrumentos musicais, começaram a ganhar destaque além do mundo musical
Segundo último levantamento da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), o setor teve o faturamento de R$ 2,1 bilhões em 2021, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Um dos responsáveis por alavancar esses números foi justamente o streaming que representa 85,6% de todas as receitas do setor.
O mercado de instrumentos musicais no Brasil gera mais de R$700 milhões. O público também é expressivo: são cerca de 6 milhões de consumidores. E os instrumentos de corda, como violões e guitarras, são os que mais rendem a procura – de acordo com a Associação de Luthiers do Brasil.
Em contrapartida, estima-se que existam 700 Luthiers em atividade no país, o que os faz terem um bom mercado para trabalhar. E por mais que a crise tenha afetado a parte de consertos e reparações de instrumentos, trabalhar como Luthier virou uma possibilidade que, agora, tem mostrado valer a pena – já que o mercado voltou a estar aquecido.
Ao mesmo tempo, os músicos não deixam a carreira de lado. Muito pelo contrário, continuam em contato direto, fazem novas conexões e algumas vezes se veem em torno de algo novo: como dar aulas, abrir pequenos negócios de conserto, venda e troca de instrumentos etc.
Sem falar que um Luthier pode ter outras atividades em paralelo. Ou seja, tocar, compor, fazer lives e por aí vai. E depois da pandemia, o mercado voltou a ser aquecido e essas atividades foram elevadas para grande importância.
Agora, a perspectiva é de que as cifras aumentem em até 3x no pós-pandemia ou pós-cris. Tudo porque esse período fortaleceu o lado sentimental das pessoas com seus hobbies, habilidades e, claro, instrumentos musicais. Hoje, a personalização de um Luthier no trato com o cliente é, sem dúvidas, o que mais atrai a clientela.
Olhando para os números, a criação de um instrumento de forma artesanal pode girar em torno de 10 mil reais. E quem gosta mesmo e trabalha com isso costuma fazer o investimento.
A profissão de Luthier é um agregado de várias situações e oportunidades: de um lado a pessoa faz os consertos, pode criar pequenas turmas para ensinar o ofício, dar aulas de música e ainda tocar ao fim do dia ou aos finais de semana. Nada impede esse profissional de ir além.
Paulo Torquato – Fundador da Torky Oficina de Instrumentos Musicais. Luthier especialista em manutenção e construção de instrumentos de corda.