A Semana



August Saint Hilaire em Mogi

Publiquei aqui na nossa coluna “Mogy Antiga” em 2019 matéria sobre os viajantes ilustres em Mogi das Cruzes, principalmente no século XIX, inclusive sobre a passagem de August Saint Hilaire em 1822.

August Saint Hilaire, botânico, naturalista e viajante francês nasceu em Orleães, 4 de outubro de 1779 e faleceu na mesma cidade em 3 de setembro de 1853. Participando de grupos de cientistas, vindos da Europa, para realizarem suas pesquisas e explorações no Brasil Colônia, ele fêz duas viagens pelo Brasil, sendo a primeira em 1816 e a segunda em 1822 quando passou por Mogi.

Como resultado de suas viagens pelo Brasil, ele reuniu mais de 30 mil amostras, sendo que eram 24 mil de espécimes de plantas e 6 mil espécies de animais. Dessas 6 mil, eram 2 mil aves, 16 000 insetos e 135 mamíferos, além de inúmeros répteis, peixes e moluscos. A maioria das espécies coletadas era descrita pela primeira vez na história em seus livros, por esse motivo seus cadernos de campo ficaram tão conhecidos.

Mas vamos deixar o próprio Saint Hilaire nos falar como era Mogi quando ele passou por aqui em 30/31 de março de 1822:

“Mogy das Cruzes fica situada num valle largo e pantanoso, limitado de um lado por colinas e do outro pela serra do Tapeti, que não é provavelmente um contraforte da Mantiqueira. Essa villasinha apresenta mais ou menos a forma de um parallelograma. As ruas são bem largas mas de casario pequeno e feio. No largo principal, que é quadrado, contam-se diversos sobrados, mas não mais bonito do que os outros prédios. A egreja parochial ocupa um dos lados da praça, mas mal ornamentada. Tres outras igrejinhas que não vi, ainda são peiores, disseram-me.

A entrada da cidade, do lado do Rio de Janeiro, fica pequeno convento pertencente à Ordem do Carmo. Entrei na egreja e achei-lhe a capella mór decorada com muito gosto(1). Arranjaram na egreja uma serie de grandes imagens representando Christo e varios santos, destinados a serem carregados nas procissões da Semana Santa. Taes estatuas de madeira tem tamanho natural e estão pintadas e vestidas.
Os habitantes de Mogy e redondezas são em geral pobres e suas terras pouco férteis. O algodão é quase o único produto que exportam…”

Saint Hilaire chegou no dia 30 e partiu no dia 31 de março em direção a “Tayassupeba” e depois à Penha já em São Paulo.

(1) Curiosidade: na “capella mór decorada com muito gosto”, foi onde lancei o meu livro “Mogy Antiga” em 11 de dezembro de 2021.


Fontes

  • Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_de_Saint-Hilaire
  • Segunda Viagem do Rio de Janeiro a Minas Geraes e a São Paulo (1822) – Traducção de Affonso de E. Taunay – 1932
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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