Matéria especial de Dia dos Namorados é sempre um desafio. Nenhum repórter quer se valer dos velhos clichês ou expressões repetidas um sem-número de vezes para falar sobre relacionamentos. Mas, desta vez, não tem como escapar: o amor não tem idade, mesmo. E os casais escolhidos para esta reportagem, apesar das histórias bem diferentes, são prova viva disso.
Mas, afinal, o que o amor na maturidade pode nos ensinar? Para quem vive um relacionamento com mais experiência, a resposta é clara e vem de uma de nossas entrevistadas, Darly Aparecida de Carvalho, de 55 anos: “Ele permite o entendimento das próprias fragilidades e possibilita uma relação mais sadia e estável”.
Casada há pouco menos de dois anos com Claudio de Paulo Bueno, 58, a história dos dois começou lá atrás, em 82. “Nós nos conhecemos na 8ª série do ensino fundamental. Nessa época estávamos na mesma sala de aula e tivemos nosso primeiro beijo, mas depois da formatura não nos encontramos mais”, conta a diretora de escola, hoje aposentada.
Ali parecia o final da história dos dois. Claudio casou, teve dois filhos. Darly nunca casou. Até que chegamos ao ano de 2018. Período de eleição, ambos se reencontraram no dia da votação na EE Prof. Camilo Faustino de Mello. Claudio contou que tinha perdido o filho em um assalto e que tinha se separado, trocaram uma prosa rápida. No segundo turno, mais um encontro, uma troca de telefones e, meses depois o primeiro café juntos. Desde então, nunca mais se separaram e casaram em outubro de 2021.
Inebriada com o sentimento que os une, mas consciente de que o relacionamento é uma construção diária, Darly compartilha qual é o segredo para o amor dos dois: “O respeito mútuo, a cumplicidade e o alimento de cada dia com pequenos detalhes fazem a diferença no relacionamento”.
Amor de cinema
Quando se fala em amor na maturidade, todo mundo da cidade se lembra de Ieda e Dori Boucault. É que eles são tão apaixonados um pelo outro e, mesmo depois de décadas de união, e fazem questão de demonstrar o sentimento um para o outro e para todos que os rodeiam. E como Ieda pontua, hoje o relacionamento é ditado por escolhas. “No início era paixão, muita euforia e disposição da juventude para amar. Agora ainda temos paixão, muita disposição, mas os corpos e o amadurecimento nos ajudam a fazer escolhas. Por isso, procuramos fazer as coisas que nos deixam felizes, confortáveis, temos muito mais diálogo”, conta.
Em 38 anos de relacionamento e com um filho já adulto, uma coisa permanece a mesma: a admiração mútua. “Nós fazemos questão de reconhecer o potencial, o conhecimento, o esforço um do outro e fazemos questão de elogiar, aplaudir as conquistas um do outro”, revela, para logo acrescentar um ritual do casal: “Todo dia nos levantamos, damos bom dia com um abraço prolongado, dizemos ‘Eu te amo’, e desejamos um bom dia. À noite repetimos o abraço, dizemos ‘Te amo’ e desejamos uma linda noite de descanso”.