Foi com a doação de Brás Cubas recebidas por Frei Pedro Vianna em nome da Ordem Carmelitana que os religiosos iniciaram sua trajetória pelo sudeste do país.
A ordem carmelita estabeleceu-se em Mogi das Cruzes oficialmente em 1629. Em poucos anos seu patrimônio cresceu rapidamente, e os religiosos tornaram-se os maiores proprietários de terras da região, e suas fazendas, Sabaúna, Santo Ângelo e Santo Alberto, utilizando mão de obra de pessoas escravizadas, primeiro os índios, depois os negros.
A devoção a Nossa Senhora do Carmo tem como centro o uso do escapulário, sinal que garante o privilégio da alma do devoto ter somente uma passagem rápida pelo purgatório para expiar seus pecados.
As procissões, novenas e festas, pela pompa das cerimônias, até pela retórica dos sermões, deram um caráter vivencial a religião, tanto que o conjunto arquitetônico carmelita de Mogi, ainda guarda lembranças dessa pompa cerimonial.
Tanto a igreja da Ordem Primeira quanto a da Ordem Terceira preservam a pintura em seus tetos e o douramento dos altares. Ambas possuem espaço específico para o coral, sinal de que havia uma preocupação com a música que era executada durante as cerimônias, inclusive, foram encontradas em suas dependências cópias de 11 composições do Padre Faustino Xavier datadas do século XVIII.
As atividades econômicas dos carmelitas na região são anteriores a criação do convento de Mogi, existe registro da permissão das autoridades para a construção de um moinho de trigo em 1628.
Já no começo do século XIX, a produção regional incluía milho, arroz, feijão, farinha e algodão. Nessa época, o Convento do Carmo ocupava um grande terreno no centro da vila, onde ainda estão as duas igrejas: a da Ordem Primeira, construída em 1627 e a Ordem Terceira, construída em 1633. Contava ainda, com dois terrenos, terras, cinco prédios no Rio de Janeiro e a meação de um prédio em São Paulo, além das fazendas Santo Alberto, Sabaúna e Santo Ângelo.
Quase quatrocentos anos depois, os carmelitas ainda estão presentes, de maneira efetiva, na vida religiosa da cidade. Mantendo em seu complexo arquitetônico colonial a sede da Paroquia Nossa Senhora do Carmo e administrando os trabalhos pastorais da comunidade católica do bairro Vila Natal e da capela de Santo Ângelo, no distrito de Jundiapeba, também participam da vida cultural da cidade através do Museu das Igrejas do Carmo (MIC), instalado nas dependências da igreja da Ordem Primeira. A Ordem Terceira do Carmo e a Irmandade de São Benedito, organizações leigas de origem ligada diretamente à Ordem, também continuam em atividade até o presente exercendo sua religiosidade.
Fontes:
– https://redescobrindoaltotiete.blogspot.com/2018/06/os-primeiros-passos-da-ordem-carmelita.html
– “Livrai-nos do mal amém”: O período pré-abolição das terras do Carmelo em Mogi das Cruzes – SP, Constantino, Anais do XIV Simpósio Nacional da ABHR Juiz de Fora, MG, 15 a 17 de abril de 2015.
Foto:
– Nossa Senhora do Carmo