A Semana



A higiene no comércio da Mogy antiga

Nos anos 20, Mogi das Cruzes tinha uma população de 8.000 habitantes que ocupavam 1669 casas. Existiam também 13 açougues, 10 no mercado municipal e 3 fora dele. Possuía 5 farmácias e apenas 3 médicos.

No mercado Municipal havia, segundo o médico higienista Mário da Costa Galvão, (…) um grande número de imperfeições hygienicas.

Nesse mercado, aos domingos, os pequenos sitiantes vendiam seus produtos. Na face principal do Mercadão situava-se os armazéns e nas laterais os dez açougues.

Tudo que era vendido não tinha a mínima proteção possível, eram expostos às moscas e poeira. Nas barracas de café, os salgados e bolos não tinham o mínimo de proteção. Nos açougues desprovidos de esgoto, a caiação simples, exibia-se sujeiras de moscas e infiltração.

As carnes eram expostas e serviam de pouso das moscas e a poeira dos transeuntes. Nas quitandas a mesma coisa. A lavagem das vasilhas empregadas na venda de café e garapa era feita numa pequena bacia onde a água só era renovada quando alguém reclamava.

O matadouro municipal, a 4km do centro, mais especificamente em Brás Cubas, embora muito rústico era muito higiênico.

Nenhum urubu era avistado nos arredores e raríssimas moscas eram encontradas no local. A rez era laçada e levada ao centro do galpão onde era dado o golpe mortal, geralmente com uma marretada na cabeça, ou com uma lança certeira no peito. A água represada antes da matança jorrava com força e abundância, depois corriam para um córrego que a transportava para o tio Tietê a poucos quilômetros do matadouro.

Depois de limpa a carne era conduzida aos açougues da cidade em carroças. Abatiam em média três rezes por dia. Os porcos podiam ser abatidos fora do matadouro. Geralmente eram trazidos prontos em lombos de burros para serem expostos à venda pelos sitiantes.

Terminada a matança, faziam a limpeza geral, era represada a água e tudo ficava pronto para os novos trabalhos do dia seguinte. Tanto as rezes abatidas quanto as carnes não tinha inspeção sanitária.

O matadouro municipal foi desativado na década de 70, mas o prédio continua lá, agora como secretaria da merenda escolar.

Fontes:

  • História de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1961
  • Tese de Doutoramento – Dr. Mário da Costa Galvão – 1922
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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