A Semana



A escravidão na região de Mogi

Neste espaço, em 3 de setembro de 2021, eu falei sobre a escravidão em nossa região. Agora, com novas informações do amigo Luiz Miguel Franco Baida, achei por bem voltar ao tema, já que o assunto é empolgante por sua importância histórica.
Segue texto do Baida: “O Brasil foi um dos últimos países a libertar seus escravos e um dos que mais importou no mundo. Considerado por alguns historiadores ‘como um dos maiores genocídios da humanidade’, pois uma grande parte morria nos porões dos navios negreiros.
Sem direitos sociais, econômicos ou religiosos, foram simplesmente libertos.
Em pesquisas realizadas no Cartório de Registro Civil da cidade, pude constatar que há um vácuo de pelo menos 20 anos na história após 1888.
A história está por se fazer – social e antropológica.
A cidade guarda algumas ‘marcas’, como a Capelinha de São Sebastião, em homenagem ao escravo Sebastião, enforcado por agredir seu proprietário. (Em 1839, um escravo negro foi acusado de assassinar seu senhor. Segundo a lenda, na hora do enforcamento, a corda arrebentou. A população passou a acreditar que o escravo era inocente. O negro Sebastião conquistou assim a devoção do povo tanto que ergueram uma capela na rua Antônio Cândido Viêira, região central de Mogi).”
Nota do colunista
A igreja de Nossa Senhora do Rosário, demolida em 1966, foi construída no mesmo local da capela anterior (irmandade dos pretos forros), datada do século XVIII.
A única iconografia que temos é de uma negra cafuza retratada por Tomas Ender, em 1817.
Em 1815, a população de Mogi das Cruzes era de 6.705 habitantes, destes, 1.454 eram escravos. Em 1836, já eram 10.490 habitantes, sendo que 1.842 eram escravos, e, em 1870,  foi para 14.312, sendo 1.317 escravos.
Entre a população livre, claro que nem todos eram brancos, haviam os mestiços e os negros.
Já durante o século XIX, os escravos da região do Alto Tietê, menos de 2 mil, pertenciam a um restrito grupo de senhores, já que não existia na região famílias ricas que pudessem manter uma mão de obra tão cara.
Para “celebrar” a Abolição da Escravatura, a Câmara Municipal, em 17 de maio do mesmo ano, faz a troca de nomes; a antiga rua Alegre (hoje, Dr. Deodato Wertheimer), passa a se chamar 13 de maio. A antiga rua do Oriente passa a chamar Senador Dantas (Manuel Pinto de Sousa Dantas – abolicionista). Antes da abolição, havia na cidade a Travessa do Patrocínio (abolicionista), depois rua do Patrocínio e, agora, Capitão Manoel Caetano.”

Fonte

– Texto de Luiz Miguel Franco Baida – Facebook – 11 de outubro de 2024

– História de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1961

Foto

– Capela de São Sebastião

Redação

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