Vocês conhecem o Vasques do Teatro Vasques? Não era um mogiano, mas mereceu a homenagem.
Na Europa oitocentista Offenbach praticamente dominou o teatro musicado fazendo grande sucesso.
Com a peça Orfeu dos Infernos, Offenbach tornou-se referência nesse tipo de espetáculo. A peça foi apresentada no Brasil em 1865, mas apesar do grande sucesso, devido a sua encenação em francês não atingiu todo público desejado.
Em 31 de outubro de 1868, no Teatro Fênix Dramática estreou a peça Orfeu da Roça, uma paródia do ator e dramaturgo fluminense Francisco Correia Vasques, à paródia de Offenbach.
No dia 17 de novembro, a peça atingia sua décima quarta apresentação. E em poucos meses atingia a marca de quatrocentas apresentações superando a de Offenbach, Orfeu dos Infernos.
Francisco Correia Vasques já nasceu fazendo os outros rirem, como diz Procópio Ferreira no livro sobre o ator. Nasceu em 29 de abril de 1839, viera ao mundo de sete meses e tão pequenininho que fêz rir a parteira e os outros. Era filho de Francisco Pinheiro de Campos e Bernardina Correia Vasques.
Estreou como ator aos 15 anos na comédia “Morrer pra ter dinheiro” em 1854.
Desde o ano de 1859, quando escreveu “O Sr. José Maria assombrado pelo mágico”, sua primeira peça, até o ano de sua morte, em 1892, Vasques dedicou-se simultaneamente à carreira de ator e à de dramaturgo, chegando a escrever mais de sessenta peças teatrais, a maior parte delas num gênero dramático: as cenas cômicas (cenas cômicas eram peças de ato único recheadas de músicas, escritas em prosa e/ou em verso tratando de assuntos do cotidiano utilizando recursos da paródia e da sátira).
Mas foi, sem dúvida, Orfeu da roça que levou seu nome à consagração, transformando-o num dos dramaturgos mais populares do Rio de Janeiro oitocentista.
“…Vasques percorreu toda a sua trajetória artístico-literária numa condição levemente deslocada. Fazendo parte de um grupo – a chamada classe teatral – que ocupava um espaço liminóide da sociedade e que buscava sua legitimação num conceito idealizado de arte, ele devia sua ascensão ao enorme prestígio popular, o que era essencial para um meio teatral em acelerado processo de profissionalização, mas visto com desconfiança e eventualmente desdém pela intelligentsia. Na disputa entre os dois campos estéticos de meados do século, o ator bandeou-se por razões profissionais para o grupo de maior prestígio intelectual, o realista, mas na sensibilidade e lealdade continuou ao longo de sua vida próximo a João Caetano, a seu romantismo popular (ou mesmo popularesco), ao jogo de efeitos, ao apelo para as emoções, ao discurso grandiloqüente e metafórico. E aplicou tudo isso à linguagem do humor, em que era primo inter pares…”
Fundação Casa de Rui Barbosa
Francisco Correia Vasque também era amigo pessoal de D. Pedro II, que era fã de suas peças cômicas.
Faleceu em 1892.
Fontes
– O Ator Vasques – Procópio Ferreira – 1979
– https://journals.openedition.org/nuevomundo/3676
– https://seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/view/19040