Por volta de 1872, Mogi das Cruzes tinha em sua região central, dezesseis ruas, nove largos e algumas travessas.
Seus problemas urbanos eram os mesmos das pequenas cidades da época: regulamentação de cemitérios, limpeza pública, alinhamento de construções, fiscalização de animais soltos nas ruas, uso indevido de espaços públicos e claro, o transporte.
O correio por exemplo, só funcionava de três em três dias. Uma viagem de São Paulo a Mogi gastava-se em média quatro dias de caminhadas com três pousos noturnos. Pelo Tietê em barco a vapor de João Ribeiro da Silva, citado na coluna anterior, exigia uma pernoite em Itaquaquecetuba que nessa época ainda pertencia a Mogi.
Por via terrestre em lombo de cavalos a viagem demorava menos tempo porque havia pontes e infraestruturas lateral aos caminhos, mas o transporte de mercadorias era algo mais difícil e desconfortável por causa da lentidão dos carros movidos à tração animal.
Em 1874 Mogi é elevada à comarca graças ao trabalho do Dr. Correa, deputado provincial de São Paulo e morador na cidade. O Dr. Correa, além disso conseguiu que fosse alterado o trajeto da ferrovia que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, que passaria por trás da Serra do Itapety, no Parateí, assim ele conseguiu que o trajeto mudasse e pelo centro da cidade propiciando a Mogi uma fase de grande progresso.
Na metade de 1875 o próprio imperador veio a São Paulo inspecionar as obras da ferrovia.
Em 6 de novembro do mesmo ano “inaugura-se com a presença do Presidente da Província e demais autoridades, o tráfego da estrada de ferro entre São Paulo e Mogi das Cruzes. O trem inaugural parte da estação do norte, as 10,10 da manhã e chega a Mogi ao meio dia, sendo recebido com grande júbilo.” (Grinberg, História de Mogi das Cruzes, pág. 72).
Assim, como ocorria em todas a cidades do Brasil em que possuíam esse serviço, a chegada do trem a “estação” tornou-se o epicentro da vida social e política de todo o fim do século XIX e parte do século XX, afinal, na primeira estação de trem do Brasil, a Estrela, no Rio de Janeiro, tinha acontecido um banquete em homenagem ao imperador Dom Pedro II.
Em Mogi, como em outras cidades, as estações enfeitadas por bandeirolas e flores eram pontos de reuniões com bandas de música, corais e discursos toda vêz que alguém importante chegava ou simplesmente passava por aqui.
Fontes:
- Almanaque Alto Tietê – 1998
- História de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1961