A Semana



Mogi e região e a Guerra do Paraguai

Por volta de 1850, Mogi das Cruzes já tinha um representante na Assembleia Provincial de São Paulo: o deputado Salvador José Correa Coelho, ou simplesmente Dr. Correa, nome de uma das principais vias do centro da cidade onde se encontram o Teatro Municipal, o Casarão do Carmo, etc… Devemos a ele, inclusive, a elevação de Mogi a categoria de cidade em 1855 e a comarca em 1874.

Nessa época, a política externa brasileira encaminhava o país para conflito armados na Bacia da Prata. O imbróglio começou quando o Brasil invadiu o Uruguai depondo o Gal. Oribe e colocando em seu lugar, Urquiza, aliado brasileiro, o que acabou ocasionando uma guerra contra a Argentina, no qual o presidente, Rosas, era inimigo de Urquiza. Quando Rosas foi deposto, Brasil e Argentina uniram-se para deporem Aguirre e colocando Venâncio Flores. Assim, Solano Lopes, presidente do Uruguai, amigo de Aguirre, se juntou a Flores e declarou guerra ao Brasil e Argentina.

No meio de tudo isso havia a questão do domínio naval da Bacia Cisplatina, estratégica política-econômica dos países dessa região e das potências europeias, principalmente a Inglaterra. Em 1846 com a construção de estaleiros da Ponta da Areia no Rio de Janeiro pelo Barão de Mauá, Dom Pedro II sonhava com a possibilidade de interligar o Brasil de norte a sul e com outros países. O Serviço Postal a vapor entre a Europa e América do Sul foi criado em 1851 e em 1852 é criada a Cia de Navegação a Vapor do Amazonas e já no ano de 1854 Mauá inaugura a primeira estrada de ferro do Brasil.

É claro que Mogi das Cruzes não permanecia alheio a todos esses fatos. Apesar da distância do centro do poder Mogi tinha pleno conhecimento que o Brasil progredia a passos rápidos, tanto que quando foi elevada a cidade comemorou durante três dias.

Em 1870 com o término da guerra do Paraguai em que participaram vários combatentes mogianos, Mogi tinha uma população de 14.312 pessoas dos quais 1.317 eram escravos e produzia café, algodão e cana-de-açúcar. Em 1872 a população recebeu com alegria o barco a vapor “Progresso” de João Ribeiro da Silva que chegou de São Paulo pelo rio Tietê em um dia e meio. Mas com a inauguração da estrada de ferro São Paulo a Mogi em 6 de novembro de 1975 a aventura da viagem pelo Tietê desaparece já que a viagem de trem de São Paulo a Mogi era apenas algumas horas.

Fontes:

  • Almanaque Alto Tietê – 1998
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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