A Semana



Como surgiu o nome Mogi das Cruzes?

Uma das perguntas mais frequentes que me fazem a respeito de Mogi é qual a origem desse nome, aliás originalíssimo, já que o “das Cruzes” é caso único na toponímia brasileira segundo o professor Jurandyr Ferraz de Campos.

Existem três versões para essa pergunta!

1 – Segundo Manoel Eufrásio de Azevedo Marques no seu “Apontamentos Históricos, Geográficos, Estatísticos e Noticiosos da Província de São Paulo”, Mogi das Cruzes vem de corrupção da língua que tornou Boigy, nome antigo da cidade, Mogy. Segundo Azevedo Marques: “consta no adro da primeira Igreja Matriz, existiram plantadas três cruzeiros e daí resultou aquele nome de Mogy das Cruzes.

2 – No livro Dicionário Geográfico da Província de São Paulo de João Mendes de Almeida, o autor informa que o nome primitivo de Mogi era Sant’Anna das Cruzes de Boigy-Mirim: “E por isso escreveram que o nome Boigy foi corrompido em Mogy. É porém, o nome Cruzes Bogy, corrupção de Çurúg-bo-yigi, “atoleiro duro”. De çurúg, “atolar”, bo, para exprimir lugar ou sítio, “duro, apertado”. Segundo ainda João Mendes, basta pronunciar “Çurúg” rapidamente para termos quase “Cruzes”.

3 – Já o Bispo Dom Duarte Leopoldo e Silva em suas “Notas da História Eclesiástica” diz que na falta de melhor explicação se faz que a denominação Mogi das Cruzes, viria da existência de três cruzes plantadas no adro da matriz. “É possível, mas não é provável, que é certo que o aldeamento indígena que era denominado de M Boygy ou Boygy (rio das cobras) foi apelidado de Mogy-Mirim, o mesmo nome que lhe deu Gaspar Conquero ao levantar pelourinho em 1611. Segundo Dom Duarte, o sistema de assinalar as divisas com cruzes foi o que deu mesmo o nome para nossa cidade. Os oficiais da Câmara, em 1665, plantaram treze cruzes entre Mogi e São Paulo e que “parece, pois, admissível que, assignalado, desde os primeiros tempos, o termo da nova vila com tantas cruzes, que lhe serviam de marcos divisórios, dessa circunstância teria provindo a denominação Santan Anna das Cruzes de Mogy Mirim, depois, Santa Anna de Mogy das Cruzes e depois finalmente Mogy das Cruzes”.

Isaac Grinberg em sua ”História de Mogi das Cruzes” nos da conta do emprego “das Cruzes” já em 1625, quando uma ata de vereança começava assim: “Hem os oyto dias do mês de marso de mil eseis sentos e vinte esinco anos nesta villa de santa anna das cruzes nas pousadas do juiz…”

Como podemos observar além da discussão quanto a fundação de Mogi temos a discussão de seu nome.

Fontes:

  • Apontamentos Históricos, Geográficos, Estatísticos e Noticiosos da Província de São Paulo – Manuel de Azevedo Marques – 1953 – Vol. 2
  • Dicionário Geográfico da Província de São Paulo – João Mendes de Almeida – 1902
  • Notas da História Eclesiástica – Dom Duarte Leopoldo e Silva – 1936
  • Santa Anna das Cruzes de Mogy – Huma villa de Serra aSima – Jurandyr Ferraz de Campos – 1978
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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