A Semana



Como vivia o mogyano antigo – I

Mogi das Cruzes, nasceu de forma irregular, assim como tantas outras cidades brasileiras, não havia planejamento. As ruas foram nascendo espontaneamente, pela necessidade de ir buscar água no rio ou de contornar um grande buraco no chão, e, principalmente pela função de ligar uma casa a outra.

As casas eram levantadas onde os moradores escolhiam, num terreno mais alto ou mais firme ou até junto a uma grande árvore.

Taunay em seu “São Paulo dos Primeiros Anos” afirmou que era “absurdo pretender encontrar nas Actas da Camara de São Paulo medidas tendentes a legislar sobre assuntos de urbanismo no século XVI, quando este ramo da engenharia é deste século”, ou seja,o século XX. O livro é de 1920.

Mas em 20 de março de 1617, na sessão da Câmara mogiana foi anotado o seguinte:

Acordaram os ditos oficiais que todas as pessoas moradoras nesta vila que tenham títulos de terrenos, que levem seus documentos à Câmara para que suas terras sejam demarcadas e lhes seja dada a respectiva posse e que não construam casa sem a prévia presença dos referidos oficiais…

E sete anos depois, 24 de dezembro de 1624:

Todos os moradores que tiverem terras nesta vila, que coloquem marcos em suas divisas para que se saiba quais são os terrenos sem dono. Os proprietários deverão ainda,limpar seus lotes pela frente das ruas principais, ficando avisados aqueles que não possuírem casa em seu terreno, que se não o beneficiarem no prazo de um ano, perderão a propriedade para que ela seja dada a outra pessoa, como terra devoluta.

Assim, foram surgindo as ruas, mas ainda não tinham nome, as ruas nessa época eram conhecidas por alguma coisa que as identificasse, como Rua da Biquinha, da Ponte, do Poço e daí por diante.

Na ata de 2 de dezembro de 1622, é a primeira que se refere a uma praça em Mogi. Nessa reunião, o procurador do Conselho requereu que se convocassem os moradores para que limpassem a praça da vila, para que ela apresentasse bom aspecto na festa do Natal. Caso a população não comparecesse para a devida tarefa era cobrado cinco tostões de multa.

Fontes:

  • Mogi das Cruzes de 1601 a 1640 – Isaac Grinberg – 1981
  • São Paulos nos Primeiros Anos – Affonso Taunay – 1920
  • História e Tradições da Cidade de São Paulo – Ernani da Silva Bruni – 1953
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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