A Semana



O Mogigate

1983 foi um ano de grandes emoções em nossa cidade. Mogi fervilhou com o escândalo batizado de Mogigate (em alusão ao Watergate que foi o escândalo político ocorrido em 1972 nos Estados Unidos e cujas investigações posteriores culminaram com a renúncia, em agosto de 1974, do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano.) envolvendo gente conhecida, inclusive o prefeito da época.

Tudo começou em 26 de outubro de 1983 quando Clóvis Beznos esteve na superintendência da Polícia Federal para fazer uma denúncia e entregar várias fitas-cassete e quatro cópias de cheques de Cr$ 50 milhões cada e uma nota promissória de Cr$ 200 milhões.

O dono da empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes S/A, Clóvis Beznos, gravou conversas com o prefeito Antonio Carlos Machado Teixeira, o deputado Jacob Lopes, o empresário Antônio Eroles, o banqueiro Henrique Borenstein e o vereador Francisco Bezerra.

O teor das conversas era para evitar a cassação da empresa de Beznos, conhecida popularmente como Mogizão que aliás, prestava péssimos serviços a população de Mogi e outras cidades.

A cassação tinha sido requerida através de uma representação comandada por Jacob Lopes junto à Secretaria dos Negócios Metropolitanos. Os envolvidos exigiam a importância de Cr$ 200 milhões a Beznos para livrá-lo da punição.

Uma CPI foi criada na Assembléia Legislativa de São Paulo para apurar o envolvimento do deputado Jacob Lopes e concluíram pela cassação. Na Câmara de Mogi, os vereadores resolveram julgar o prefeito Machado e o vereador Bezerra. Já no âmbito estadual, o governador Franco Montoro mandou abrir inquérito para investigar a denúncia.

As linhas da empresa Auto Ônibus Mogi S/A foram cassadas no dia 31 de outubro de 1983.
No final das contas, Jacob Lopes foi expulso do PMDB e mais tarde cassado, o prefeito Machado e o vereador Francisco Bezerra foram absolvidos pela Câmara de Mogi por 11×6, Antônio Eroles e Henrique Borenstein voltaram à suas rotinas diárias e o caso do maior escândalo de Mogi e região foi esquecido.

Para quem quiser saber mais: A Revista Ato na época em sua edição nº 15 de 1983 trouxe uma reportagem bastante minuciosa sobre o caso, inclusive com as transcrições das fitas cassetes deixadas por Beznos na Polícia Federal.

Fontes:

  • Coleção Revista Ato do autor
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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