Movimentada rua do centro da cidade do Rio de Janeiro, a Gonçalves Dias se desenvolveu sem perder seu encanto histórico, o que dá a ela um charme especial. Quando ainda era chamada de Rua dos Latoeiros, a rua foi cenário para um fato histórico do nosso país e com relação a Mogi das Cruzes: a prisão de Tiradentes, encontrado pelo tenente Francisco Vidigal, em 1789. A rua era chamada Latoeiros porque muitos dos ferreiros da cidade do Rio de Janeiro se concentravam naquela via.
Tiradentes foi para o Rio de Janeiro e, sabendo que o governo já tinha conhecimento da revolta, tentou se esconder. O padre Inácio Nogueira levou Tiradentes para a casa do artesão Domingos Fernandes da Cruz, 64 anos, solteiro, paulista de Mogi das Cruzes que morava sozinho com mais dois escravos na rua dos Latoeiros. Domingos Fernandes Cruz aceitou esconder em sua casa/oficina um oficial fugitivo que nunca tinha visto antes, atendendo a um pedido de sua comadre Inácia (Gertrudes de Almeida) – a viúva explicou ao artesão que aquele homem havia curado sua filha, portanto tinha a obrigação de ajudá-lo. Tiradentes teve a casa cercada ainda no dia 10 de maio de 1789 por soldados da cidade de Estremoz. Quando os soldados invadiram o quarto, Tiradentes entregou-se.
Em fevereiro de 1865, houve a mudança de nome. A Câmara decidiu homenagear o poeta maranhense Gonçalves Dias, que viveu na via por muitos anos. Há quem defenda que foi lá que ele escreveu “Os Timbiras”, considerada sua maior obra. No ano 1868, saiu da Gonçalves Dias o primeiro bonde rumo à zona sul da cidade. Um marco na nossa história que revolucionou o sentido de transporte no Rio de Janeiro.
Anos mais tarde, mais precisamente em 1894, dois portugueses fundaram a Confeitaria Colombo, a principal confeitaria da cidade do Rio de Janeiro. No fim do século XIX, a rua era um dos principais pontos do comércio de luxo da cidade. Roupas e joias caras eram vendidas aos montes na Gonçalves Dias. Das ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, a Gonçalves Dias foi uma das que saiu praticamente ilesa após as reformas de Pereira Passos, no início do século XX. Até hoje a Via mantém o tamanho original.
Fontes
– História de Mogi das Cruzes, Isaac Grimberg – 1961
Foto
– Rua Gonçalves Dias em 1883