Ex-ministro estava internado em São Paulo; a causa da internação não foi divulgada
Conhecido por ser um dos mais influentes economistas do país, Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal, morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos. Delfim Netto exerceu papel fundamental para o chamado “milagre econômico” da ditadura militar e influência em governos de direita e de esquerda após a redemocratização.
Internado desde o dia 5 de agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o ex-ministro estava hospitalizado por conta de complicações em seu quadro de saúde. Sua assessoria não forneceu mais detalhes sobre o seu estado.
Delfim Netto foi o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo. Ele tinha 38 anos quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Também foi considerado como um dos responsáveis pelo chamado “milagre econômico” e conhecido por ter sido um dos ministros que assinaram o Ato Institucional número 5 (AI-5), em 1968.
O ex-político também ficou conhecido por incentivar o investimento estrangeiro no Brasil e as exportações do país. É dessa época uma de suas frases mais emblemáticas: “É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”.
Em 1975, após deixar o cargo no Ministério da Fazenda, ocupou o posto de embaixador do Brasil na França, durante o governo de Ernesto Geisel. Já no governo de João Figueiredo, assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. Após a redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político, tendo sido, inclusive, conselheiro de presidentes petistas e de empresários.
Com gosto pela leitura, Delfim Netto doou, em 2014, para a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), sua biblioteca pessoal, com um acervo de mais de 100 mil livros e 90 mil revistas, colecionados em quase oito décadas. Dentre os nomes mais conhecidos, estavam os livros originais de Adam Smith e John Keynes. Também foi doado seu mobiliário, criando um espaço como reprodução da sua sala.
O ex-ministro deixa uma filha e um neto. Não haverá velório aberto, e o enterro será restrito aos familiares.
Escândalos
Delfim Netto foi cogitado em um escândalo financeiro no regime militar, em 1980. A acusação se tratava de um desvio de recursos públicos na forma de empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário Assis Paim, dono do grupo Coroa-Brastel.
O grupo emitiu letras de câmbio sem lastro, deixando um lacuna de 231 bilhões de cruzeiros, o equivalente a mais de R$ 300 milhões. Porém, o ex-ministro foi absolvido das acusações pelo Supremo Tribunal Federal, em 1994.
Em 2018, Delfim Netto foi alvo da operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público, ele teria recebido propina das construtoras que venceram a licitação da Usina Belo Monte, porém ele negou as acusações à Polícia Federal, informando que fez serviços de consultoria à empresa.
Delfim Netto era conhecido como um dos mais influentes economistas do Brasil