A Semana



Dessalines D’Orbigny

Muitos viajantes estiveram em Mogi no século XIX. Fiz um apanhado deles em matéria de duas partes publicadas neste espaço. Aqui, conto mais detalhes da passagem de um deles: Alcide Dessalines D’Orbigny.
Nascido na França, em Coéron, em 1802, e falecido em Pierrefitte, em 1857.
Com 24 anos, já era famoso como naturalista e paleontólogo e autor de importantes trabalhos sobre foraminíferos. Com toda essa experiência, foi encarregado pelo Museun de Paris para uma viagem de exploração científica pela América do Sul, o que fez de 1826 a 1833. Dessa viagem, publicou, entre 1835 e 1849, o livro “Voyage dans I’Amèrique Meridionale”.
O resultado mais importante de seu trabalho foi a fundação da ciência da paleontologia estratigráfica, baseada em suas observações de estratos fósseis expostos na Bacia do Paraná.
No volume da edição brasileira do livro, traduzido como “Viagem Pitoresca através do Brasil”, ele fala da região de Mogi: “Depois de Jacareí vem Aldeia da Escada…”. “Na aldeia, encontram-se uns sessenta índios, que são dirigidos por um padre, diretor para a fé religiosa e política….”. “Sua fisionomia nada tem de atraente. Seu idioma muito complicado, parece ser derivado do guarani…”
“… Fizemos, ainda, uma parada em Taruma, rancho solitário em uma planície coberta de matas, depois do que, chegamos à aldeia de Mogi das Cruzes, habitada por cafuzos, mestiços de negros e índios…”. “São esbeltos e musculosos, cor de cobre, mais africanos, em geral, do que americanos. Têm o rosto oval, as maçãs do rosto salientes, embora menos do que nos índios, o nariz chato, os lábios grossos, os olhos negros e mais abertos que os dos índios, os cabelos lisos, fartos e muito compridos.
As montanhas de Aldeia de Escada são as últimas da Cordilheira Marítima. Um ramo insignificante une, nesse ponto, aquela cadeia com a da Mantiqueira. A vegetação vai assumindo um aspecto cada vez mais rico e combina as formas das florestas montanhosas com a beleza mais delicada dos campos e brejos. Belas palmeiras, apócina em flor, esplêndidas hamélias e altas réxias, com suas corolas purpúreas dão, àquela região, o aspecto de um país de fadas.
A última aldeia que se atravessa, antes de chegar-se a São Paulo, é Mogi das Cruzes, cujos habitantes já se distinguem dos paulistas. Para além, encontra-se, depois de algumas matas e campinas, uma bela casa de campo chamada Casa Pintada. Logo depois, avista-se São Paulo, a uma distância de cerca de três léguas”.

Fontes:

– Viagem Pitoresca através do Brasil – Alcide Dessalines D’Orbigny

– Viajantes Ilustres de Mogi das Cruzes – Isaac Grinberg – 1992

Foto:

– Alcide Dessalines D’Orbigny – Britannica.com

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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