A Semana



O Comércio antigo de Mogi das Cruzes – 2

No antigo Mercadão dos anos 30 as balanças eram de dois pratos com pesos avulsos de metal dourado. As medidas para venda de arroz, feijão, farinha ou outro produtos, eram pequenos caixotes de madeira de cinco lados. Desde um litro até um alqueire (50 litros) passando pela arroba e outros.

A carne era embrulhada em jornal, mais tarde, o Centro de Saúde obrigou o uso de papel quase branco envolvendo a carne, para em seguida vir o jornal.

Os frangos e galinhas caipiras vinham em lombo de burro em jacás de taquara de formato de um charuto com uma pequena abertura em cima, por onde o vendedor tirava o frango. Aí então começava uma cena que se repetia sempre a cada ave: a compradora apanhava o frango pelos pés, assoprava as penas para ver se a pele era amarela, balançava-lo nas mãos para avaliar-lhe o peso. Gostando da peça, o vendedor amarrava os pés do frango com embira, espécie de fibra usada como barbante, recebia o dinheiro e entregava a ave.

No Mercadão, do lado da Rua Pres. Rodrigues Alves havia duas ou três mesas, sobre as quais os vendedores colocavam grandes vitrines de doces caseiros e copos de geléia de mocotó. Ao lado, outra mesa em que um vendedor arrumava óculos.

As peixarias ofereciam sobre grandes mesas de mármore branco, poucos peixes do mar e muitos de água doce.

Entre os produtos, haviam os que ofereciam “cambadas” de bagre de água doce que vinham presos pelas guelras em cipós que terminavam num grande nó. O cipó formava uma argola, cuja volta os peixes ficavam pendurados.

Aos domingos o Mercadão fervilhava de gente. Desde a manhã, verdadeira multidão ocupava todas as suas dependências.

A partir das oito da manhã, os trens de subúrbios despejavam em Mogi centenas de pessoas, que com cestas ou sacolas, vinham de São Paulo para fazer compras no nosso Mercadão. Enchiam cestas e sacolas de verduras frescas, frutas, carnes (principalmente de porco), linguiça, etc… diretamente dos produtores.

Mas não era apenas nos trens de subúrbio que os paulistanos vinham ao Mercadão. Quando Washington Luis terminou a retificação e alargamento da estrada que ligava São Paulo a Mogi em outubro de 1922, os paulistanos passaram a vir ao Mercadão também de carro.

Fontes:

Livros:

  • Mogi das Cruzes do Meu Tempo – Isaac Grinberg– 1993
Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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