A Semana



Prefeito Rodopho Jungers

Rodopho Jungers era um autodidata mais conhecido como exímio administrador e de uma honestidade exemplar. Nasceu em 14 de abril de 1908, em São Paulo, e faleceu em Mogi, em 21 de dezembro de 1998, aos 90 anos. Era filho do imigrante belga Victor Jungers e de Maria Novi Jungers. Aos seis anos, mudou-se com a família de 12 irmãos para o distrito de Sabaúna e trabalhou na lavoura de repolho.

Ali conheceu Carolina Nudi Jungers, com a qual casou-se em 29 de janeiro de 1931, “…mês este que meu pai contava, choveu o mês inteirinho, sem parar um dia, afetando o plantio das batatas e outros, porque meu pai era lavrador nesta época!”, conta sua filha Dorothy Jungers.

Mais tarde, deixou a agricultura e mudou-se para Mogi, onde montou a Cerealista Mogiana e, depois, o Pastifício Delícia. Foi proprietário ainda da Mogi Motor e de uma revendedora de carros Simca. Também foi provedor da Santa Casa e presidente da Associação Rural de Mogi das Cruzes.

Rodolpho foi candidato a prefeito pela primeira vez em 1955, mas perdeu por uma diferença de seis votos para Henrique Peres. Em 1959, tentou novamente e foi eleito, tendo Maurílio de Souza Leite Filho como companheiro de chapa.

Nessa época, o mercadão precisava de grandes reformas, mas os mercadistas se recusavam a sair porque não teriam como sobreviver sem o seu ganha pão durante as reformas. Como Rodolpho Jungers era conhecido de todos pela honestidade, eles saíram baseados na promessa de que o prefeito lhes entregaria o mercado reformado em seis meses. A câmara já aprovara a reforma, ele construiu barracas provisórias no Largo da Feira, onde se alojaram. Com isso, deram-se início as obras. Mas os engenheiros viram que a situação do mercado era pior do que o esperado. Estava quase caindo e não havia como reformá-lo, precisava ser derrubado e construído um novo. Então, o prefeito encaminhou o pedido de construção à câmara, mas, dos 21 vereadores, só um, Carlos Auerbach, votou a favor. Todos os outros vinte só votariam a favor se o prefeito lhes satisfizesse exigências, Rodolpho não admitia isso (não nasceu para política) e ignorou simplesmente a recusa e mandou os engenheiros executarem a demolição e reconstrução do novo mercado.

Furiosos, os vereadores abriram o processo de impeachment, cuja causa era fazer a obra sem aprovação da câmara, e aproveitaram e acusaram-no de nepotismo, porque contratou Abib Neto, seu genro, para as duas causas sobre os terrenos, apesar de que o contrato tinha amparo legal, não era um emprego, só duas causas nas quais seria necessário um advogado de confiança.

Enquanto os vereadores discutiam, a construção do novo mercado crescia, porque Rodolpho queria cumprir a palavra dada aos mercadistas.  A câmara aprovou o impeachment, e o prefeito recorreu na justiça, mas o juiz pediu uma quantia de dinheiro enorme para dar ganho de causa. O advogado dele começou uma coleta entre os mercadistas. Quando o prefeito soube disto, imediatamente mandou devolver o dinheiro arrecadado e deixou que o juiz fizesse o que devia. E  o  Juiz  acabou dando ganho de causa à câmara.

Entre as várias realizações de sua curta gestão, destacam-se a modernização do plano diretor da cidade, construção das pontes sobre o Rio Tietê, próximo ao Náutico, na rua Cabo Diogo Oliver e na  rua João XXIII, ligação do bairro do Socorro com César de Souza. Abriu várias estradas vicinais e iniciou o processo para a construção da estrada Mogi-Bertioga com um levantamento aérofotográfico. Asfaltou os quatros primeiros quilômetros da Mogi-Dutra e oficializou a bandeira do município por meio da Lei nº 803/1956.

Segundo sua filha, Dorothy Jungers, “…Meu pai foi um homem extraordinário, honesto e íntegro, como foi meu marido. Muitas vezes, por ser agricultor, perdia safras de repolho, batatas, tomate, por falta de preço, ou enchentes, ou doença das plantas. Vi uma vez que ele trouxe um caminhão de repolho na praça do Shangai, para distribuir de graça, porque o preço era tão barato que as pessoas nem queriam, diziam que era preferível pagar um tostão na quitanda a carregar o peso do produto dado. Vi está história se repetir sempre, e ele ressurgia das cinzas como uma fênix. Até quando, injustamente sofreu o impeachment, ele ergueu-se altaneiro, alimentou a minha fortaleza de espírito e também ensinou-me pelo exemplo a ajudar as pessoas. Muitas vezes, vi ele tirar o agasalho do corpo, em pleno frio rigoroso, para dar a um pobre com frio. É muito difícil falar pouco dele, que deu o último suspiro nos meus braços…”

Esse era o prefeito Rodolpho Jungers.

Fontes

– Prefeitos de Mogi das Cruzes – Nivaldo Marangoni – 2007

– Entrevista com a filha Dorothy Jungers

Rodolpho Jungers – Reprodução do livro Prefeitos de Mogi das Cruzes

Rouxinol Mogi

Mogiano, é designer gráfico com trabalhos em vários jornais da região. Pesquisador da história de Mogi das Cruzes há quarenta anos. Recebeu vários prêmios: duas vezes o “Profissionais do Ano” e uma vez “Personalidades de Mogi e Região”, prêmios esses pela divulgação da história de Mogi. Autor do livro “Mogy Antiga”, é membro da AMHAL - Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras.

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