O Ministério da Saúde divulgou recentemente uma atualização da lista de doenças relacionadas ao trabalho. Entre as doenças presentes na nova lista está, por exemplo, o Burnout (também conhecido como síndrome do esgotamento profissional). O Ministério define que esse esgotamento pode acontecer por fatores psicossociais relacionados à gestão organizacional, ao conteúdo das tarefas do trabalho e às condições do ambiente corporativo.
Para a psicóloga especialista em Saúde Mental Priscilla Paccitto, este distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema é um transtorno que vem sendo comum e com um avanço preocupante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a patologia já impacta a vida de 30% dos brasileiros. De acordo com um levantamento realizado pela International Stress Management Association (Isma), o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados, sendo superado apenas pelo Japão, onde 70% da população é afetada pelo problema. Globalmente, a doença chega a impactar 264 milhões de pessoas.
“O Burnout não é apenas o resultado de uma rotina difícil de trabalho, mas sim uma somatória gradativa de variáveis que resulta no estresse crônico, devido condições insalubres de trabalho, como: carga de trabalho excessiva, ambiente de trabalho tóxico, falha na gestão do tempo e a falta de reconhecimento”, explica a profissional.
Sintomas
A enfermidade pode desencadear uma série de problemas mentais, como a fadiga intelectual, colapsos de memória, apatia, negatividade constante, isolamento social, baixa autoestima, diminuição do desempenho (redução na produtividade) e a incapacidade de lidar com as tarefas do dia a dia e das atividades laborais. “Já nas dificuldades físicas, apresentam os sintomas de cansaço excessivos, insônia, irritabilidade, agressividade e desânimo”, diz Priscilla, que logo complementa que as corporações podem – e devem – dar mais atenção a este tipo de situação. “As empresas devem estimular a conscientização de funcionários e gestores sobre a síndrome, para a identificação de forma precoce e proporcionar ajuda quando necessário. Estabelecer limites para a quantidade de trabalho executado e distribuir de forma saudável as tarefas do dia a dia é outra dica, assim como treinamentos e o incentivo de práticas de rotinas saudáveis para todos”.
Resoluções
E, às vésperas de mais um ano, que tal estabelecer a meta de trabalhar menos e evitar este tipo de esgotamento? A psicóloga Priscilla Paccitto dá algumas dicas: defina objetivos harmoniosos e coerentes com sua realidade a curto e longo prazo na vida profissional e pessoal; priorize atividades de lazer na rotina pessoal; procure conversar com alguém de confiança sobre o que você está sentindo; faça atividades físicas regulares; evite excessos ou auto cobranças e busque medidas de apoio em casos específicos.