Com sonoridade que “não tem modelos ou fórmulas prontas para agir” e com uma inquietude multiartística compartilhada entre mogianos radicados em São Paulo, o Drama em Crise se lança no mercado. O grupo estreia com um clipe nada convencional, e portanto, à altura do conceito que se inspira na quebra de expectativas, na apresentação de novos pontos de vista e na mistura de gêneros, estilos e formatos.
‘Vertigem’, a música escolhida para ser o primeiro single, com direito a clipe gravado parte em Pompeia, bairro da Capital, e parte no Centro da “terra da garoa”, é “experimental”, como definem os músicos Gabe Fortunato (guitarra e voz), Sérgio Jomori (baixo), Leo Zocolaro (bateria) e Guilherme Araújo (flauta), que preparam o lançamento do álbum de estreia para muito em breve.
Ao falar sobre “uma angústia existencial frente a vida no capitalismo e a rotina opressiva”, a faixa naturalmente “resume bem a banda”, e isso fica claro em todos os aspectos audiovisuais do projeto.
“A princípio ela é calma, depois é caótica, é jazz, rock, bossa nova, por vezes mais cantada, por vezes mais falada”, dizem os autores, que sugerem muito mais, como a mistura brasileira de vanguarda, experimentalismo e pós-punk, que bebe em influência de Os Mutantes na mesma medida em que aposta no improviso, nas intervenções experimentais de mixagem e no uso de “spoken words”, momentos que contam com instrumentais minimalistas e canto mais falado e menos melódico, que valoriza a mensagem.
“Não fazemos uma arte bem definida. Sentimos que a forma ‘atual’ da música, seja do rock, da música brasileira ou de outros ritmos e estilos, não comporta as mensagens e sentimentos que sentimos a necessidade de expressar”, dizem eles, que neste primeiro clipe brincam com o contraste entre filmagens em VHS e câmeras digitais.
Nesta amálgama de sentimentos e referências, cai como uma luva o nome do grupo, que se inspira em ‘Teoria do Drama Moderno’, livro de Péter Szondi, autor que discorre sobre peças teatrais cujo conteúdo e forma chocam-se com as premissas do drama tipicamente “burguês”. Em outras palavras, toda a experiência é sobre olhar a arte a partir de outra(s) ótica(s). De novo, sempre latente, a oportunidade de uma ou mais novas perspectivas.
Essas outras óticas podem ser tanto de interpretação como também de técnica. Gravadas em um gravador de fita, análogico, sob supervisão de Danilo Sevali e Helena Duarte, do Estúdio Mestre Felino, de Mogi das Cruzes, as músicas trazem uma “textura analógica”, porém repletas de contemporaneidade. Fora da regra, do padrão, da curva. Mas não por isso ruim – muito pelo contrário.
É único, e em certa medida, difícil de explicar em palavras. A melhor dica é ouvir, mas ainda não vale spoiler. O que já vale é aproveitar ‘Vertigem’, a primeira música lançada, que anuncia e antecipa o tom do projeto, e seguir o Drama em Crise nas redes sociais para acompanhar o lançamento das próximas faixas do álbum que leva o nome da banda e promete “contar uma história a partir de faixas que se ligam tematicamente”.