A Semana



Entidades reabrem luta contra pedágio

Depois de anos lutando contra a instalação de um pedágio na Mogi-Dutra, o “fantasma” da cobrança na rodovia volta a assombrar os moradores de Mogi das Cruzes e região.

O Estado de São Paulo não desistiu da ideia, ao contrário do que foi reiterado pelo então candidato e hoje governador Tarcísio de Freitas. O Programa de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) prevê a concessão das Rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga no pacote de rodovias estaduais. De acordo com a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), “estão sendo elaborados estudos para avaliar a viabilidade e possíveis modelos de negócio”, diz a nota.

Apesar de nada ainda estar confirmado, representantes da sociedade civil e do poder público veem com cautela a movimentação do Estado nesse sentido. O prefeito de Mogi, Caio Cunha, relembra a união da sociedade para cancelar o projeto e prevê cuidado nestas novas negociações. “Há alguns meses ouvimos falar que o atual governo pretende instalar esta nova tecnologia nas rodovias estaduais, que embora pareça ser mais democrática, ainda não temos as informações oficiais de onde ou quando esta tecnologia será instalada, assim como com quais valores. Precisamos avaliar qual seria o benefício desta tecnologia para nossa cidade e nossa região, como a população e as empresas daqui seriam afetadas se este novo projeto é igual ao anterior”. O prefeito se refere à tecnologia “free flow”, um sistema de cobrança automática que permite que o motorista pague um pedágio proporcional apenas pelos quilômetros percorridos. Este seria o método utilizado.

O presidente da Câmara, Marcos Furlan, lembra que a Casa de Leis aprovou em maio uma Moção de Apelo solicitando ao governador Tarcísio de Freitas a desistência de implantar este sistema de pedágio na Mogi-Dutra e na Mogi-Bertioga. “Evidentemente, ninguém está feliz de ver esse assunto à tona novamente, depois de tantas batalhas. Porém, o mogiano é um povo aguerrido, e estou convicto de que nossos cidadãos já estão prontos para retomar a luta”.

Deputados

O deputado estadual Marcos Damasio também está acompanhando o caso de perto. O parlamentar está questionando secretários estaduais para entender essa movimentação e a proposta em si. Damasio pretende acompanhar de perto a evolução desse estudo. “Cobrança é sempre um assunto delicado, mas não creio que o governo Tarcísio de Freitas vai propor algo que prejudique o cidadão”.

Para o deputado federal Marco Bertaiolli, o sistema teria um impacto negativo. “Uma medida como essa trará prejuízos econômicos para toda a região do Alto Tietê, principalmente na questão do desenvolvimento econômico e geração de emprego, uma vez que uma cobrança desse tipo poderá gerar impacto nos custos de produção, tanto das empresas como dos produtores agrícolas de todo o Alto Tietê”.

Indústrias

Os novos estudos acenderam um alerta também no meio industrial. Para o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) Alto Tietê, a cobrança de pedágio, seja qual for a modalidade, terá uma forte consequência no valor do frete, no custo da produção industrial e nos níveis de investimentos das empresas. “Acreditamos que o pedágio nas nossas rodovias era um assunto superado após a grande mobilização regional. E, agora, diante dos planos de reindustrialização anunciados para o Estado, mais do que nunca o Governo deve desconsiderar qualquer possibilidade de retomar isso”, diz o diretor José Caseiro.

A Associação Gestora do Distrito Industrial do Taboão se mantém “radicalmente contra o pedágio”, como reforça a nota, e diz estar em contato com as autoridades competentes, com o objetivo de se colocar à disposição e se juntar às ações, aos movimentos e às mobilizações contra a proposta.

Comércio

A Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC) sempre se colocou contra a instalação de pedágios nas rodovias mogianas desde que o assunto veio à tona, ainda em 2019. Com a retomada recente do assunto, o órgão ressalta que a instalação de qualquer sistema de pedágio terá um forte efeito negativo para o comércio, que é hoje um dos principais geradores de empregos e impostos na região de Mogi.

Redação

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